quinta-feira, 5 de maio de 2016

Delegar!

Um diretor da companhia está preocupado com o andamento dos negócios. As Vendas vão mal, os colaboradores estão insatisfeitos e há evasão na carteira de clientes. Com o apoio de seus pares, decide contratar uma consultoria empresarial¹, honestamente determinado a reconquistar clientesalavancar as vendas e revolucionar os resultados.



         Empresas de consultoria multiplicam-se exponencialmente, ainda assim, duvido que seja baixa a qualidade do serviço oferecido por boa parte delas. Por outro lado, é preciso ter em mente que o escopo da empresa de consultoria é limitado. Seus representantes visitarão a companhia, estudarão os processos e metodologias vigentes e irão propor estratégias, ajustes e melhorias. O processo de revisão crítica(sobretudo, auto revisão) e consequente aculturamento das novas estratégias não podem ser impostos pelo consultor. Mas quando há alguma absorção, é grande a tendência a ser parcial e destorcida. Você já viu isto (talvez já tenha até feito)! Um consultor, palestrante, ou mesmo uma matéria sobre gestão de negócios ou recursos humanos, ensinou entusiasticamente sobre a importância de delegar. Alguém (ou até mesmo você; lembre-se do texto inicial: Precisamos ser honestos²) começa a disparar “delegados”. “XISmael. Tenho uma reunião às quatro. Você vai no meu lugar.”, “ÍPSILONmar, preciso deste relatório para terça”, “ZEraldo, resolva. Eu não quero problemas, quero soluções!”.
Um curso de gestão de pessoas ou um curso de coaching, se não forem superficiais, irão transcender o simples “Aprenda a Delegar!” e explicarão seriamente como proceder na prática. O Michaelis dá a dica e por mais óbvio que pareça ser, é sempre bom relembrar: “Transmitir por delegação (poderes)” e “Incumbir, investir na faculdade de”³. Mas o que é “faculdade”? É o “poder de efetuar uma ação física ou mental”, uma “capacidade”, uma “função inerente ao espírito”. Então observe e reflita:
Transmitir um poder, delegar uma responsabilidade, são ações sérias e precisam ser realizadas com coerência lógica e visão estratégica. O ato de Delegar não pode ser confundido com um simples despejo de tarefas, jogando sobre outros aquilo que não se deseja (ou não se gosta de) fazer enquanto retém outras atividades pelo destaque que irão gerar ou por pouca confiança na equipe.
Fundindo as descrições do dicionário podemos chegar à conclusão que delegar é “Transmitir, incumbir, ou investir alguém com uma capacidade ou função inerente ao seu próprio espírito”. Imagine-se transmitindo aquilo que é próprio do seu espírito? Não é possível fazer isto sem confiar nos valores e na responsabilidade daquele a quem se está delegando. E se você não confia na equipe, melhor não delegar! Certo? Errado.
Se você não confiar no potencial de alguém, delegar será “transmitir capacidade”, pois o desenvolvimento profissional dele também é responsabilidade sua.
Se você não confia em alguém por questões de postura, então ainda mais delegar será “transmitir -ou investir de- função inerente ao espírito”, pois fomentar valores positivos é seu dever profissional e social.
Quando se está envolvido em gestão de negócios é muito fácil criar rótulos, caixinhas, e distribuir pessoas nestas categorias expurgando aqueles que julgamos não ter perfil. No passado, após fazer alguns testes em excel, fui recusado em um processo seletivo para uma importante companhia nacional, talvez por alguém não ter acreditado que eu possuísse o perfil esperado. Anos depois, sou responsável pela emissão de relatórios (cujos dados são tratados preponderantemente em excel) que são expostos ao presidente, ao conselho administrativo e aos dois órgãos reguladores aos quais a companhia responde. Talvez eu não tivesse mesmo perfil ou experiência naquela época, mas se tenho hoje as competências e habilidades necessárias para superar estes desafios e mesmo para ter com você esta conversa, significa que em algum momento alguém compreendeu mais profundamente o significado de delegar e me disse “faça”, não mais como um simples despejo de tarefas, mas com confiança em meu potencial.
Cometi erros? Muitos. E você estará exposto a eles, na mesma medida em que for delegando. Mas quando delegamos com consciência do ato, acompanhamos, prestamos suporte, orientamos, edificamos um novo patamar profissional em nossa equipe e uma reação (cultural) em cadeia na companhia.
Pare imediatamente de delegar! Avalie-se honestamente! Avalie sua equipe com sensatez! Comece a DELEGAR!

Notas:
1.     E desde já me coloco à disposição para esta tarefa.
2.     E é sempre bom retornar ao ponto inicial. Sempre que julgar pertinente, leia Reinaugurando as BoasPráticas.

3.     Fonte: http://michaelis.uol.com.br/ – Acesso em 31/07/2015

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