Poucas
coisas são tão amplamente discutidas na sociedade contemporânea quanto Ética e Moral. Paradoxalmente, poucas coisas são tão pouco aplicadas. Ética
e Moral são temas recorrentes do discurso corporativo, ainda assim, nem sempre
praticadas com o mesmo empenho. É provável que sua companhia até tenha um
Código e/ou um Comitê de Conduta Ética mas, afinal de contas, o que é Ética? O que é Moral?
Se
visitar uma livraria ou biblioteca e caminhar pela área sobre Filosofia, encontrará a “Ética”
saltitando em boa parte das capas. Seguindo para a parte de Direito lá estará
de novo, dançando com a “Moral”. Mais alguns passos e, atingindo o departamento
destinado à Administração de Empresas
e/ou Gestão de Negócios, “Ética” de
novo. Se você estender sua pesquisa ao Google uma vida seria pouco para ler
tudo que há a respeito. O resultado disto é um só: Existem incontáveis
descrições sobre Moral, Ética, e suas relações e, para além destas, o volume de
interpretações possíveis é virtualmente infinito. Com tantas escolas, divisões
e subdivisões, ficaremos loucos se tentarmos atingir uma teoria que abarque e
reconcilie todas elas. Sejamos pragmáticos. Vamos, portanto, propor um
entendimento sobre Moral e Ética apenas para que tenham utilidade prática em
nossas discussões, sem pretensão de verdade absoluta.
Iniciando pela Moral, o primeiro ponto digno de nota é
a resistência ao termo. A palavra “Moral” evoca, quase instintivamente, a
“Moral Cristã” ou, para ser mais exato, a “Moral Católica”. Sem fazer qualquer
crítica a uma religião ou defesa de outra, constato que toda vez que participo
de um diálogo cujo interlocutor é arisco ao termo “Moral” percebo, subjacente
às argumentações dadas, um “quê” de antirreligiosidade ou anticatolicismo.
Repito que, sem defender ou criticar a religiosidade alheia, observo muita
gente tratar o termo “Moral” como um planeta sobre o qual orbitam as discussões
religiosas da atualidade, tais como a permissão ou não do casamento gay, do
aborto, do uso de preservativos, do divórcio, etc. Em decorrência disto não é
pequeno o grupo de pessoas que vetam o uso do termo “Moral” e aplicam “Ética”
em todas as discussões. Disto derivou, creio, o constante uso de “Ética” em
ambiente corporativo, a tal “Ética Profissional”. Não simpatizo com este
caminho e estas utilizações, assim, espero que nossos diálogos neste site
possam ser mais serenos e lúcidos. Quero falar “Moral” toda vez que estivermos
discutindo a postura prática, o comportamento cotidiano, quem somos de
verdade em nosso dia a dia.
Nosso padrão de comportamento foi herdado desta
ou daquela religião, de nossos pais, dos amigos e colegas que tivemos durante a
vida e das situações que experimentamos. Somos um emaranhado de experiências e
opiniões que culminam em um indivíduo com determinadas inclinações. Este
indivíduo dará esta ou aquela resposta ao gestor, tratará o cliente deste ou
daquele modo e tomará esta ou aquela decisão com base nestes valores,
construídos durante uma vida, sem refletir diretamente sobre os valores em si.
Os valores serão os meios para a decisão. Ele refletirá sobre o problema dado,
não sobre os valores que serão a base para a reflexão e isto é, para mim, Moral.
Falaremos sobre Ética quando dermos um passo para trás,
tirando o foco de um problema particular, e realizarmos a reflexão séria
sobre nossos valores morais em geral. Ou seja, quando estamos em nossas relações sociais, familiares e profissionais,
estamos agindo em esfera moral. Quando paramos para estudar nossos
comportamentos, rever nossos valores, ampliando-os ou refutando-os, estamos
fazendo Ética. Assim, observe que este texto, cuja maior parte do conteúdo
tratou de esclarecer o que é Moral, é uma reflexão
ética.
Podemos concluir,
portanto, que devemos ser indivíduos Morais E Éticos, sem tratar os termos como
sinônimos nem abrir mão de um em função do outro. Seremos indivíduos morais em
nosso dia a dia, mas enriqueceremos nossa base moral com profunda e constante
reflexão ética.
Está
pronto para começar?
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